esta mãe

Os papéis por vezes invertem-se. E ainda bem. Ainda bem que vos ensinei que sou a vossa mãe, esta mulher que vos ama incondicionalmente, que não é galinha é leoa a proteger-vos, que quebra, que precisa de ajuda, que tem muito que aprender, que quer sempre aprender mais, que vai sempre cuidar, que erra e pede desculpa, que chora, que agradece, que faz sopa boa e feijão preto, que sofre, que dá gargalhadas e dança ao espelho, que é mais vos ter, que não procura nem a sua nem a vossa perfeição, mas sim a nossa paz, que traz aquela coisa que chamam felicidade, mas que eu acho que não tem nome, porque só se sente ❤️

com fridas calo-me

“Qual é o meu caminho? Esperar-te? Esquecer-te? Fazer o que você faz, ir para os braços de um e de outro, hoje dormir com alguém e amanhã com outro diferente?”
-Frida Kahlo-

“O mais difícil não é o primeiro beijo, mas o último.”
-Paul Géraldy-

p.m.p.

Serei a única a considerar que nos ultimos tempos se proliferam opiniões confusas entre a importante diferença entre individualismo e autoestima?

Muito se fala que a autoestima elevada é a solução para se alcançar o sucesso. Sucesso associado a finanças folgadas, fim de frustrações afetivas, ascensão, projeção profissional e familiar. 

Há uma demandada desenfreada de cursos, formações, palestras, workshops, seminários, coachings, que cultivam o slogan que para alcançar a tão desejada alta autoestima, devemos pensar única e exclusivamente em nós. Por sua vez estes mesmos pregadores são acérrimos opositores do ego. A coisa aqui já começa a criar antítese.

As fórmulas hoje vendidas do valor-próprio, do amor-próprio e da auto-aceitação invadiram as livrarias, as televisões, as ondas da rádio e são até sedutoras através da publicidade. Os que repudiam o ego mas são os seus mais altos defensores, camuflando-o de auto-etc, prometem a cura de todos os males da sociedade por meio de doses de auto-etc.

Cada vez, e mais cedo, ambos os sexos, assexuados e afins, buscam a forma física perfeita, o carro melhor, o posto hierarquico mais elevado, as mamocas mais aliciantes, as peles mais esticadas, o culto do corpo na sua amplitude mas que seja de baixas calorias, não olhando a meios e nem a carteiras, na esperança de serem mais notados e assim “elevarem” a sua autoestima. 

Ora isto, cá para mim, é a combinação perfeita entre egocentrismo, hipocrisia e falta de bom senso, como fórmula de elevar a autoestima.

Enquanto esta confusão toda cria bola de neve, o consumo de antidepressivos, estimulantes, drogas, álcool, violência, stress, falta de cultura e outros sintomas claros de baixa autoestima aumentam.

Pra mim o motivo é porque a autoestima não é um sentimento nem uma atitude. É um processo do qual tanto os sentimentos como as atitudes fazem parte. É um processo ativo, contínuo e que se atualiza, através das nossas experiências individuais e coletivas.

Uma pessoa com uma autoestima positiva, tem consciência de si e do outro, possui ética e bom senso. Pensa em si como elemento útil à comunidade e não como o centro dela. 

Sabe que o sucesso é estar de bem consigo mesmo, e para isso não precisa ser a mais bonita, nem a mais inteligente, nem a mais produzida, nem a mais rica, nem a mais tudo e mais alguma coisa, só precisa saber quem é e acreditar em si.  Promovendo principalmente o seu crescimento e o dos que lhe merecem a mão.

Até podia ir à biblia e transcrever o amor ao próximo, mas até a biblia já “queimaram” para “queimar” a autoestima de alguém.
O coração de uma mãe tem o tamanho dos seus filhos.
aRita

aceitar não é compreender

“A vida fica mais fácil quando aprendemos a aceitar um pedido de desculpas que nunca foi dado.”
-Robert Braul-

Diferença entre felicidade e prazer

“A felicidade nem sempre requer sucesso, prosperidade ou conquistas especiais; muitas vezes vem do gozo do esforço animador, da dedicação de nossas próprias energias para um fim justo. A raiz da verdadeira felicidade está plantada na abnegação, e a sua flor é o ‘amor’.”

FP

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. 

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. 

Se achar que precisa voltar, volte! 

Se perceber que precisa seguir, siga! 

Se estiver tudo errado, comece novamente. 

Se estiver tudo certo, continue.

Se sentir saudades, mate-a. 

Se perder um amor, não se perca! 

Se o achar, segure-o! 

tolerar = desprezar

“Entre as palavras e as ideias detesto esta: tolerância. É uma palavra das sociedades morais em face da imoralidade que utilizam. É uma ideia de desdém; parecendo celeste, é diabólica; é um revestimento de desprezo, com a agravante de muita gente que o enverga ficar com a convicção de que anda vestida de raios de sol.”

“Tolerar é já marcar uma superioridade.”
“Aceitar os outros como eles são é outra coisa. Aceitar vem da palavra capturar, aceitar é tomar para si e tolerar não, é dar licença, com desprezo que o Outro seja assim.”


Agostinho da Silva

ao melhor de mim

“Os filhos são parte de nós. São a parte que não parte. São a melhor parte. Os filhos são o coração fora do peito. O coração nas mãos. São a parte que nunca colocamos de parte. Nunca. São a parte e o todo. Sempre. Os filhos nunca partem, mesmo que vão morar para longe. Nenhuma distância é maior do que o amor. Os filhos são a nossa metade e meia. São a nossa entrega por inteiro. Os filhos são o nosso pensamento. O primeiro e o último. Os filhos são a nossa raiz e a nossa semente. São a vida depois da vida. Os filhos são a nossa vida. Não podemos impedir que sofram e esse é o nosso maior sofrimento. Sofreríamos a sua dor mil vezes para que nem uma se atravessasse no seu caminho. Dá-los-íamos à luz mil vezes para que nenhuma sombra se atrevesse a tapar-lhes o caminho. Os filhos são a nossa vida e damos a vida por eles.”

às9

“em nome da leveza:

uma das decisões mais corajosas que podes tomar na vida é a de aprender a praticar o desapego. de pessoas tóxicas, de pessoas «calimero», de pessoas «vai-se andando», de pessoas que encontram sempre um problema para cada solução que tu lhes dás, e de pessoas que só sabem (porque só querem) ver o lado mau de tudo e de todos. 

nunca seremos capazes de encontrar a pessoa certa enquanto não soubermos deixar ir a pessoa errada.”

mantra

“Não quero estar livre dos perigos, só quero coragem para enfrentá-los.”
-Marcel Proust-

amar, infeliz

Aprendemos a amar não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas quando enxergamos de maneira perfeita uma pessoa imperfeita. 

Sam Keen

desilusão e preconceito

 “A corda cortada pode voltar a ser amarrada, pode voltar a segurar, mas está cortada. Talvez possamos voltar a nos esbarrar, mas lá onde você me abandonou, não voltará a me encontrar”.

-Bertolt Brecht-

FP

Na véspera de nada
Ninguém me visitou.
Olhei atento a estrada
Durante todo o dia
Mas ninguém vinha ou via,
Ninguém aqui chegou.

Mas talvez não chegar
Queira dizer que há
Outra estrada que achar,
Certa estrada que está,
Como quando da festa
Se esquece quem lá está.

~~

11-10-1934

Fernando Pessoa

8 de Copas e Dama de Ouros

O homem vale tanto quanto o valor que dá a si próprio.” ...(François Rabelais)

A Ritinha foi para a primária. A Matita para o secundário. [11.09´2019]

Este dia 11 de Setembro de 2019 foi símbolo de grandes mudanças para todas nós cá em casa.
Recordado por todos como o dia que mudou a forma como nos sentíamos seguros no mundo ocidental, está na hora de virar a página, tomarmos consciência que cada um pode fazer a sua parte para melhorar enquanto ser humano, homenagear o fatídico atentado com recomeços cheios de significado e honrar a bondade que todos podemos conquistar.
Foi o que aconteceu. E nada acontece por acaso. Este dia será agora lembrado no nosso seio como marco de viragem na vida académica das minhas filhas. A esperança que estamos aqui para prosseguir o caminho desta vida com os valores do respeito, do amor ao próximo e do esforço para atingir sonhos.
Passados 19 anos de visitar as torres e vislumbrar a sua grandiosidade, tenho duas filhas. A grandiosidade de valores é o que agora lhes desejo. A diversão, o bom humor, a generosidade, a tenacidade, a paciência, a resiliência, a capacidade de superar e de se apaixonarem pela vida todos os dias.
Como vossa mãe apenas desejo cá estar, ter saúde e vitalidade para vos ajudar, aconselhar e alegrar com a experiência de quem já passou estas etapas e com o bem-querer infinito que vos desejo. Desejo e farei por ser o vosso porto de abrigo nesta e em todas mudanças do vosso caminho.
As mudanças estão repletas de desafios. Sacodem as rotinas, alargam horizontes, fazem crescer borboletas no estômago, dão-nos a possibilidade de nos descobrirmos, fazermos novas amizades, consolidar outras, de aumentarmos as asas do conhecimento.
Confiem nas vossas capacidades, vão de peito aberto. Vai tudo dar certo.
O sentimento de mãe, meus amores, grande e pequenino de todas as cores, tenta esconder o receio e o desejo de que ficar debaixo da minha asa seria mais seguro. Mas não vos preparava para o futuro, para as escolhas e para o sabor da autonomia que nos trás responsabilidade mas é o primeiro passo para a liberdade.
Sei que o melhor está sempre por vir. Tenho a certeza que fiz por aproveitar cada momento de cada dia da vossa existência. Nestes 15 anos de mãe plantei muitas sementinhas, sem livro de instruções, com a intuição do tanto amor de ser vossa mãe. E reguei-as com o que fazia mais sentido para vos guiar no vosso caminho.
Não vos quero esconder no meu peito, por muitos mimos que ainda nos vamos dar, quero poder mostrar-vos o mundo, contar-vos as minhas experiências, aconselhar, fazer-vos confiar que é preciso arriscar mas que a minha mão sempre estará aberta para vos levantar, para acarinhar e para desenhar um sorriso. Vamos sempre partilhar o que nos inquieta, desabafar, comemorar vitórias e nas mudanças como a deste dia vou incentivar a recomeçar.
A ti Ritinha que começas hoje a primária, faz-te ao caminho, arregaça as mangas, cria os teus sonhos no papel e na alma. Os livros e a professora vão dar-te conhecimento científico, vão mostrar-te como em centenas de anos o ser humano descobriu que conhecer é importante. Que consigas aprender a brincar e com diversão pois é o melhor estímulo para a compreensão.
A minha parte neste teu caminho é mostrar-te que consegues mesmo que esmoreças. É mostrar-te que é no caminho que nos encontraremos sempre e na união a serenidade vai ajudar-te a continuar.
Na noite que antecedeu este marco do teu percurso de vida, a mamã e a maninha, fizeram-te massagens, com direito a óleo relaxante que nos perfumou, cantamos músicas, e demos-te 4 conselhos que consideramos importantes para a tua construção enquanto aluna: Respeitar os colegas, a professora e auxiliares, estar atenta nas aulas, divertires-te muito nos intervalos com sol ou chuva, pois brincar é das melhoras formas de aprender e dares o teu melhor.
Dormiste bem nessa noite. Não o verbalizaste mas estavas ansiosa, mais do que alguma vez te senti, e o aumento do ranger dos dentes involuntário nocturno, foi a prova.
O acordar cedo das 7h foi tranquilo, acompanhado de um bom pequeno-almoço de bandeja no quarto, digno da princesa guerreira que és.
De uniforme aprumado e mochila nova nas costas (a dos gatinhos, com leite e bolachas, que escolheste com entusiasmo no quiosque do shopping) estavas pronta para o inesquecível primeiro dia. Sem antes não te esqueceres da lancheira com nozes, sementes de girassol, cenoura, leite simples, bolachas de agua e sal, o queijo mini baby babel e a termos com água.
O colégio esperava por #nósas3 engalanado de xadrez ao estilo inglês. O simpático Sr. Pinto recebeu-nos com o bom dia e o sorriso com que nos acolhe todas as manhãs. Todos os professores, alunos, pais e funcionários estavam no átrio para que juntos testemunhássemos uma entrada que se deseja triunfal. Um fotógrafo registava esses momentos, entre pais e filhos e os reencontros dos amigos.
Por muito que estivessem lá centenas de pessoas, aquele momento foi nosso: Era a entrada da Ritinha no 1º e da Matita no secundário. Estávamos de coração cheio, mesmo que a tremer, estávamos as 3 felizes, por estarmos juntas em mais um momento que ficará para sempre. Sorrimos muito.
O pai e o mano também fizeram questão de estar presente. Deram-te carinho, força e animo. E tu ficaste ainda mais confiante pois para ti a presença de quem te ama e respeita é fundamental nestas alturas.
Brincaste no parque enquanto aguardávamos pela chegada de todos os colegas e por aqueles que choravam por estarem prestes a embarcar nesta aventura.
Ávida de curiosidade para conhecer a tua sala. Abordaste a Professora Glória com o teu manifesto de querer entrar, subir, iniciar a descoberta deste novo ano que te levará a somar leituras, números e conhecimento. E assim foi, acedendo ao teu pedido a Professora reuniu todos os alunos ta turma, 1º ano B, num comboio que vos levaria, de mãos dadas, para a nova sala.
Seguiste curiosa e confiante. Foram estas as palavras que definiram o que senti em ti naquele momento que me deste um grande beijinho de até já e me souberam a “fica bem mamã, este é o meu caminho, vou começar”.
Vim embora com o meu coração apertado. Irracionalmente sem motivos emocionalmente com as lágrimas sem parar.
Às 16h já lá estava. Consegui ver-te ao longe no parque onde faziam um lanche diferente de boas vindas, parecias tranquila e alegre. Esse lanche, com bolos e sumos, não fizeste questão, sabias o que te esperava na lancheira que com tanto prazer preparaste. A Professora surpreendida com as tuas escolhas sentou-se contigo para lanchares e eu fiquei contente por ver que sabes o queres mesmo que sozinha o tivesses que reivindicar e pela Professor ter isso em consideração. Ainda te consegui ver saltar argolas no parque que tantos anos foi de grandes e que agora é o teu.
Vieste satisfeita e sorridente. Com poucas palavras chegamos a casa. Comecei a pressentir que começavas a ficar agitada, irritada, sensível, numa confusão de emoções difícil de gerir. Pedi-te um abraço. Eu precisava, tu mais. E, choraste, choraste agarrada a mim sem trocarmos palavras. Tu sabes que eu sabia. Precisavas deste desabafo em forma de aconchego. Estás no meu peito filha, não é preciso esconder-te aqui, está sempre aberto para ires e voltares.
Assim têm corrido estes dias, em que quase tudo é novo para a Ritinha. As sensações e emoções estão à flor da pele num misto de descobertas, de silêncios, de perguntas, de partilhas, de superação e de cumplicidade.
E como num 11 de Setembro tudo é vivido com a intensidade de um dia para sempre inesquecível, também neste dia a minha Matita (a special one cá de casa) entrou para uma das fases mais desafiantes e cruciais do seu exemplar percurso académico: a entrada no secundário.
Após uma gigantesca indecisão da nossa parte: Colégio vs. Liceu tive a difícil tarefa de escolher. Decidi pelo colégio. Com todas as responsabilidades que as escolhas acarretam, o meu coração ou sexto sentido de mãe, fez-me tomar esta difícil decisão. Tendo em conta a premissa nº1 com que vivi nestes 15 anos, o teu bem-estar, o melhor que está ao meu alcance ou que posso alcançar para ti, sempre.
Custou. Ainda custa. Confio que vai correr pelo melhor, que vais continuar brilhante e segura, seguir de forma serena e mais eficaz os teus objectivos académicos que te levarão ao futuro profissional que desejares.
Sempre foste, corajosa, inteligente, resiliente, esforçada, talentosa, persistente, com honras de elogios, quadros de mérito e honra, cumplice dos amigos, colegas, professores e treinadores que até te nomeiam capitã, pelo exemplo de dedicação e esforço que colocas em tudo, porque tu consegues, porque dás sempre o teu melhor, porque és divertida, altruísta e acredita, assim, vais sempre conseguir.
O colégio, sim é pequeno. O colégio não tem associação de estudantes, nem festas a toda a hora, nem locais para conviverem dignos da vossa idade. No colégio há mais alunos pequenos que grandes. E sim são chatos e imaturos. Mas o colégio dá-te a oportunidade de seres a Matilde e não um número, de aprenderes de forma personalizada, de criares uma família de colegas unidos em que todos se ajudam para atingirem sonhos, de teres mais horas de aprendizagem e consolidação de conhecimentos.
Perdoa-me filha, se assim não for. Mudaremos e recomeçaremos, prometo.
O primeiro dia de secundário recebeu-te com uma surpresa: uma manhã de teambuilding no parque de Vizela com caiaques, padel, mergulhos e convívio.
Entraste esperançosa e mais resignada com esta decisão. Divertiste-te, conheceste os teus novos 13 colegas do 10º e os professores que te pareceram simpáticos e acessíveis. No liceu não há estes privilégios, bem sei que há um mar de novas pessoas, mas podes conhece-los para lá da sala de aulas. A vida é muitos mais do que estudar, e ter tempo para conciliar tudo é que importa!
Hoje, já te sinto mais confiante com esta decisão. Vejo-te empenhada, agradada e até a contagiar os outros com a tua tenacidade ao elegerem-te como delegada de turma!
Sem pressão, mas com disciplina e responsabilidade, dá o teu melhor, transcende-te. Encara estes 3 anos como um desafio, supera-o, para que de forma mais fácil possas escolher o teu futuro profissional. Acima de tudo descobre o que gostas de fazer. Pois com muita sabedoria se diz: “se fazes o que gostas não terás de trabalhar um único dia. Se custa lá chegar? Haverá dias mais fáceis que outros, mas nada é impossível se é o teu sonho.
Concentra-te, acompanha, sai fora do paradigma e surpreende-te!
Eu estarei sempre ao teu lado Matita, no que precisares e naquilo que não sabes que precisas e só uma mãe sabe.
Na entrada para a escola, no início de cada ano lectivo, todos os sentimentos são para mim arrebatadoramente incomparáveis, inigualáveis, por muitos filhos que tenha. Agora sei o bom de ter muitos filhos, podemos ser sempre mães pela primeira vez, várias vezes.
Com carinho, sorrisos, gargalhadas, cumplicidade e curiosidade se iniciou este primeiro dia do primeiro ano da Ritinha e do décimo ano da Matita. Juntas mais um dia inesquecível partilhamos e eu fui mãe pela primeira vez, neste dia, 2 vezes.
Tenho as melhores filhas que Deus me podia confiar, espero honrar essa bênção até ao fim. Sou grata por esta minha missão que é ser mãe. Que seja este recomeço, um início de ano lectivo leve, mesmo com esforço, alegre, mesmo que levado a sério, sereno, mesmo com toda a diversão que é aproveitar a vida.
Ter-vos é o meu presente para a vida toda.

homenagem: Titinha finalista infantário

Minha filhinha, a 3 de Setembro de 2013 entraste no Colégio Do Ave - CDA

Se a Mamã fosse mágica inventaria agora mesmo um livro muito grande, gigante, onde coubesse tudo aquilo que gostaria de te dizer neste momento especial em que és finalista, pela primeira vez! Como não sou mágica, vou dizer-te hoje para recordares sempre, que és a Menina que tanto amamos e nos orgulha. Assim, com estas palavras, bastam 3 letrinhas para te fazer esta dedicatória: CDA

Primeiro com o C 
Que nos viu Crescer,
A ti como menina e a mim como mãe.
Que nos ajudou a Caminhar durante estes 6 anos, a 6 mãos, 
Pois Contamos com as da Matita sempre presentes, as do Papa, as da Ema e as da Anabela.
E que te ouviu primeiro Começar a Cantar e por fim até a Contar!
Com o D
Vieram Dias mais Difíceis, 
Trouxe as Decisões, que são umas chatas,
As Dúvidas, que não nos largam,
Mas percebeste que te consegues Distrair
Carregar no botão e Dançar no silêncio da tua paz.
Depois o A
Viu-te Andar Aqui no colégio pela primeira vez!
Deu-te as primeiras Amizades, os primeiros Amuos, as primeiras Aprendizagens! 
Sabe que tudo o que dás e fazes é com Amor,
E que tanto Amor procuras no mundo de hoje e Amanhã!

Este é só o começo de muitas etapas deste teu caminho. E que este te seja longo e leve minha filhinha, Ritinha. Faz dos teus sonhos uma realidade e da realidade uma eterna felicidade.

Da tua Mamã

#nosas3

Ritinha e Matita
meus Amores
Pequino e Grande
de todas as Cores

sentir palavras

A morte é a curva da estrada,

A morte é a curva da estrada,

Morrer é só não ser visto.

Se escuto, eu te oiço a passada

Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.

A mentira não tem ninho.

Nunca ninguém se perdeu.

Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa
23-5-1932

aproveitar

“A vida está cheia de solidão, miséria, sofrimento, tristeza e, no entanto, ela passa rápido demais.”
-Woody Allen-

de ontem para sempre

"Ninguém merece as tuas lágrimas, mas quem quer que as mereça não te vai fazer chorar". (Gabriel Garcia Márquez)

sobre viagens

“O que interessa na vida não é prever os perigos das viagens; é tê-las feito.”

Agostinho da Silva

Sobre praias

O recomeço vai iniciar. As perspetivas mantém-se altas para Ser e Fazer enquanto aqui estiver. Os sonhos e o bem querer são o mote. Pelas minhas filhas tudo. Aos que me acompanham na bonança e na tempestade, agradeço. E como prezo a gratidão e a justiça. Aos que me fazem perder tempo e deixam mágoa, agradeço também. Para já, a terra gira e o sol nasce, todos os dias. A vida é mesmo assim, uma grande lição. Esta é a minha praia. A todos até já, sempre.

eu nas palavras dela

“...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.”

Clarice Lispector

Honra

“Ninguém jamais foi honrado por aquilo que recebeu. Honra é a recompensa por aquilo que damos.”

Calvin Coolidge

os males do mundo

“O mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito.”

François La Rochefoucauld

post it

Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou um castigo.

J. Petit Senn

“Qualquer coisa como um grito por dar”

[NÃO, NÃO É CANSAÇO... ]

Não, não é cansaço...  
    É uma quantidade de desilusão   
    Que se me entranha na espécie de pensar,   
    E um domingo às avessas  
    Do sentimento,  
    Um feriado passado no abismo...   

    Não, cansaço não é...  
    É eu estar existindo  
    E também o mundo,  
    Com tudo aquilo que contém,  
    Como tudo aquilo que nele se desdobra  
    E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.  

    Não.  Cansaço porquê?   
    É uma sensação abstracta  
    Da vida concreta —  
    Qualquer coisa como um grito   
    Por dar,  
    Qualquer coisa como uma angústia   
    Por sofrer,  
    Ou por sofrer completamente,   
    Ou por sofrer como...  

    Sim, ou por sofrer como...  
    Isso mesmo, como...  
    Como quê?...  
    Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.  

    (Ai, cegos que cantam na rua,   
    Que formidável realejo  
    Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)  

    Porque oiço, vejo.  
    Confesso: é cansaço!...

~~

Álvaro de Campos

pequeno (grande) Príncipe

Eu te amo —disse o Pequeno Príncipe.

Eu também te adoro —respondeu a rosa.

Mas não é a mesma coisa —respondeu ele, e logo continuou— Adorar é tomar posse de algo, de alguém. É buscar nos outros o que preenche as expectativa pessoais de afeto, de companhia. Adorar é fazer nosso aquilo que não nos pertence, é se apropriar ou desejar algo para nos completar, porque em algum momento reconhecemos que estamos carentes.

indiferença

“A indiferença e o abandono muitas vezes causam mais danos do que a aversão direta”

“a indiferença é a resposta mais dura, mesmo quando esperamos pouco”

jeito de mim

Sempre sorri. Para os conhecidos e para os desconhecidos. Erroneamente, irradio felicidade a cada segundo a que se me arreganha a dentadura. Depois de alguns anos, durante frações de segundos, a questionar-me do motivo, depreendo que estar a sorrir, por si só, em mim, não é sinónimo que estou feliz. É só mesmo um jeito, trejeito ou qualquer outro efeito.

o eu que era

Um dia conheci uma menina risonha. Acreditava que o mundo era um lugar imenso, com tanto para descobrir, com tantas pessoas para conhecer, com tanta adrenalina para se aventurar. A menina cresceu e o mundo diminuiu em tamanho, em beleza e em essência. Essa menina conheci no espelho e nunca mais a vi.

Essencialismo 1

Escolho
Só muito poucas coisas realmente importam
Posso fazer qualquer coisa mas não tudo

a quem não sabe amar

“Não ser amado é uma simples desventura; a verdadeira desgraça é não amar.”

-Albert Camus-

de querer, fazer e não conseguir

“Não venhas sentar-te à minha frente, nem a meu lado;
        Não venhas falar, nem sorrir.
Estou cansado de tudo, estou cansado
        E quero só dormir.

Dormir até acordado, sonhando
        Ou até sem sonhar,
Mas envolto num vago abandono brando
        A não ter que pensar.

Nunca soube querer, nunca soube sentir, até
        Pensar não foi certo em mim.
Deitei fora entre ortigas o que era a minha fé,
        Escrevi numa página em branco, «Fim».

As princesas incógnitas ficaram desconhecidas,
        Os tronos prometidos não tiveram carpinteiro
Acumulei em mim um milhão difuso de vidas,
        Mas nunca encontrei parceiro.

Por isso, se vieres, não te sentes a meu lado, nem fales,
        Só quero dormir, uma morte que seja
Uma coisa que me não rale nem com que tu te rales —
        Que ninguém deseja nem não deseja.

Pus o meu Deus no prego. Embrulhei em papel pardo
        As esperanças e ambições que tive,
E hoje sou apenas um suicídio tardo,
        Um desejo de dormir que ainda vive.

Mas dormir a valer, sem dignificação nenhuma,
        Como um barco abandonado,
Que naufraga sozinho entre as trevas e a bruma
        Sem se lhe saber o passado.

E o comandante do navio que segue deveras
        Entrevê na distância do mar
O fim do último representante das galeras,
        Que não sabia nadar.”

28-8-1927

Fernando Pessoa

Eu, nas palavras dele

Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.

Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.”

16-6-1934
Álvaro de Campos

  

açores, com saudades

Açores
Há um intenso orgulho
Na palavra Açor
E em redor das ilhas
O mar é maior
Como num convés
Respiro amplidão
No ar brilha a luz
Da navegação
Mas este convés
É de terra escura
É de lés a lés
Prado agricultura
É terra lavrada
Por navegadores
E os que no mar pescam
São agricultores
Por isso há nos homens
Aprumo de proa
E não sei que sonho
Em cada pessoa
As casas são brancas
Em luz de pintor
Quem pintou as barras
Afinou a cor
Aqui o antigo
Tem o limpo do novo
É o mar que traz
Do largo o renovo
E como num convés
De intensa limpeza
Há no ar um brilho
De bruma e clareza
É convés lavrado
Em plena amplidão
É o mar que traz
As ilhas na mão
Buscámos no mundo
Mar e maravilhas
Deslumbradamente
Surgiram nove ilhas
E foi na Terceira
Com o mar à proa
Que nasceu a mãe
Do poeta Pessoa
Em cujo poema
Respiro amplidão
E me cerca a luz
Da navegação
Em cujo poema
Como num convés
A limpeza extrema
Luz de lés a lés
Poema onde está
A palavra pura
De um povo cindido
Por tanta aventura
Poema onde está
A palavra extrema
Que une e reconhece
Pois só no poema
Um povo amanhece
Sophia de Mello Breyner,
O Nome das Coisas, Morais Editores, Lisboa, 1977

escrito nas estrelas

“Cada volta que o ponteiro do relógio dá

Acelera o passo da minha vida

Encurta minha história e antecipa meu fim

Que tem hora marcada pra chegar

Mas que eu desconheço

 

Cada um de nós é como um livro

Que guarda sua própria história

Com início, meio e fim

Nosso corpo é só uma casa onde a alma habita

E a morte é o último vôo de nossa alma

Que parte por não caber mais nessa casa

Como se quisesse começar uma nova história, um novo livro

 

Cada minuto que passa pode ser tudo que me resta para viver

Mas eu desperdiço o tempo como se ele fosse infinito

Penso, logo sei que existir é uma circunstância

Que a vida acontece num sopro de Deus

E a chama permanece acesa enquanto estamos vivos

 

Cada pessoa tem uma criança aprisionada dentro de si

A criança que fomos nunca muda

Nosso corpo é que envelhece ao redor dela

Eu queria viver minha infância toda outra vez

Mas a ampulheta do tempo eu não posso virar”

 

 

Pedro Cassiano Aguillar

“Todos nós queremos ser encontrados”.
-Encontros e Desencontros-